Cheira tudo que se move ... Olha tudo que perfuma... E come tudo que sente! Sem digerir nada! Bebe litros de culpa, e depois... Vomita! Até livrar-se por completo do mal estar! Amaranta já encontrou o seu lugar no mundo, e o seu lugar em si mesma, que é fora de si!



terça-feira, 28 de junho de 2011

Buracos

E quando o frio corta?
Quando a sonata é insône?
Quando a pele fina é pele morta?
Quando a dor já não tem nome?

Se os sinos param, e as igrejas vencem mesmo assim
Com seus rebanhos, seus horários de tosa e banho?
Se a inquietude for manipulada em farmácia?
Se essa raiz quiser ser copa nas acácias?

Pensa no que não incomoda e não dói!
No que não se pensa e não se diz!
No que permanece, no que não constrói
Nos tratados milionários escritos a giz!
( E eu que nem sei se gostaria de tratar as coisas com esses preços absurdos! )

Pensa na palavra coisa
E se ela perde proporção?
onde guardar o coração
De todas essas coisas
Que ficaram para abrigar em mim?
Que sou frágil ser, insubstancialvel
De um buraco sem fim!

Ultimato!

Sim! Eu exijo-te todo de olhos e bocas
Atenções voltadas para o meu centro
Meu egoísmo! Minha divindade!
A mim, que devo ser tua
Por querer bem demais
Pudera ser deveras livre
E meus olhos pregados nos galhos
Não despencaram de ti
E não te fusilaram por detalhes.
Te vestem de um todo
Que não é a mínima parte do meu amor!
Se eu quiser, eu vou embora!
Mas apenas se eu quiser!
Quando estou sem graça
É a tua mão que me aprimora os detalhes!
E os teus dedos são agulhas finas
Que me doem e fazem cócegas!

Retiro tudo o que eu disse
Sempre que você discorda
E rocoloco em uma ordem aleatória
Porque sou teimosa
E eu também sei!

Porque no fundo, eu gosto dos teus olhos de guardar segredos!
Do teu querer sem certeza se quer
Desse remanso, dessa ressaca
Da minha falta de fé
Eu gosto!

Porque no fundo, o que você deseja sou eu
De me ver fruindo
De eu me deixar fluindo
Até a dor que mora em mim arrefecer
Você gosta!

Nessa falta de retas
Nesse monte de curvas
Nessa ausência de linhas ( Evoé! )
"Evoé" ficar na minha!
( Você sabe como é! )

Espasmos! Eu pasmo e ponto!

Sim! Eu pasmo!
Pasmo com meus espasmos!
E de orgasmo em orgasmo
Eu alcanço o inferno
Em pleno céu!

Músculos retraídos
Tão singelos, sem sentidos
Que se forçar, dói
Se esticar, destrói aos poucos
Todo o movimento de um prazer
Que guardaram pela metade
Em geladeiras, ou potes de sal

E paralisa todo o movimento!

Eu não espero pasmar ninguém!
Mas esses espasmos
Fossem como os orgasmos
Me seriam agradáveis e bons de sentir.
Acho natural que seja assim
Não pasmem com isso
Seria, espasmo, e ponto!

As coisas pra mim



Penso coisas!
 Penso também na palavra “coisa”.
Acho que isso me faz ser autêntica!
Ao passo que quando penso nas coisas
Não sei o que coisa quer dizer!
Pode ser qualquer coisa, eu não sei!
Mas de uma coisa eu sei bem:
Eu sou autêntica!
E vou dizer outra coisa:
- Ninguém sabe que tipo de coisa acontece comigo
Pra tentar provar o contrário!
Não!
Somente eu sei que imagens meus olhos vêm ou não querem ver
Aroma que nariz cheira ou espirra
Sabor que boca engole ou cospe
Carícia que pele toca ou arranha
Música que ouvido harmoniza ou desafina
Essas coisas são muitos pessoais!
Por isso...
Essa coisa de ser autêntica!



Nós e Fios

Tenho por opção o andar torto
É por isso a minha dificuldade com a linha do tempo.
Olhares me atravessam o tempo todo na rua
E o tempo todo eu atravesso os olhares
Com minhas ruas destruídas e paisagens
Tão naturais e próprias
Como o sentido de uma palavra "Eu".
Curta, simples, eficiente...
E tão sem importância pra mim
Que quando me dou conta
Somos nós!
Em madrugadas a fio
Em tardes a fio
Em manhãs a fio
Em noites a fio
Emaranhados de nós!

Corporalidade

Corporalidade

por Cintia Luando, terça, 28 de junho de 2011 às 00:01
 Tenho o corpo cansado, pedinte
Estagnado em uma ausência de sonhos
Que morrem pela noite afora.
Tenho sobre esse corpo
Uma pele fina e triste
Que se arrepia sozinha
Numa tentativa vã de sentir o toque
Dos amores presentes e sem futuro
Desse novo tempo que aflora
De fruto verde, porém maduro
Cajú-manga-laranja-amora
Não sinto gosto quando é escuro!
Não sinto pena quando o amor demora!
Não sinto nada que o corpo pede
Porque o que eu quero desse corpo
É que ele vá embora!