Chegou bem tarde!
Abriu gavetas pesadas, todas cheias de vazio profundo misturado à bagunça!
Sentou-se aos pés da cama para reler artigos de jornal velho:
- Amarelos! Rasgados! Manchados de tinta e sangue!
Lembrou-se da guerra!
Ficou frio feito navalha!
Vestiu coturnos em seu coração
E teve vontade de esmagar as pessoas que hospedou ali dentro!
Mas ele não trazia nos olhos cicatriz de pessoa ruim: - Não!
Apenas o cansaço o dominara pela distância das horas
Que insistiam em dizer a ele que ninguém se importava!
Enquanto o tempo passava...
O deixando para trás...
Sentia-se incuravelmente só!
Tanto amor para tanta gente
E tão pouco braço para retribuir os abraços!
No bolso, trazia uma porção inteira de mágoas!
Apenas mágoas!
Não ódio! Não raiva!
Mágoa!
Porque no dia em que fardou seu peito pela honra de seu país...
Perdeu a sua honra própria!
Brigou com sua guitarra! E foi-se!
E hoje, pátria amada não ama ninguém!
Pátria amada enterra valores humanos
E substitui por máquinas!
E é tanta máquina
Que os humanos estão maquinando robôs
Sem se dar conta de que já os são!
Deu um trago em um conhaque qualquer
E buscou em sua memória algumas pessoas importantes para si!
Haviam alguns rostos! Poucos!
Mas havia!
Foi mais a fundo...
Decidiu apagá-los!
Amar sozinho não faz bem ao coração!
E esse ainda não baixou a guarda
Não guardou as armas!
Aprendeu a proteger-se por necessidade!
Ele pingava a casa toda
Com o seu sal e amargo
Até as paredes chorarem!
Olhou-se no espelho!
Sentiu saudades da guerra...
Desejou ser um soldado morto
E morreu de tristeza atônita!
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