Desnudem-me!
Cascas e Cápsulas!
Bocas e olhos!
Peles e Ossos!
Arranquem de mim
De uma vez por todas
As palavras que ficaram presas entre os dentes...
Sentimentos presos nas unhas...
E o cisco preso no vidro dos olhos!
Mas não me criem adjetivos
E nem cheguem perto de mim
Com seus inúteis verbos de ação!
O idioma que falo é outro
É complexo demais por ser muito simples!
É que o mundo de hoje
Está acostumado a racionalizar todos os humanos!
Estão querendo implantar em gente
Moderadores de intensidade!
Ah! Em mim não!
Vão para os raios que partem coisas sempre que a tempestade se aconchega!
Eu sou a própria tempestade!
E acreditem, não vão querer ver o quanto de Poseidon
Existe em meus mares profundos!
Eu só espero
Uma troca de olhar que seja um mergulho!
Não escreva livros, teses, ou poemas
Não sou nada disso!
Eu sou o "tudo isso" solto no universo!
Universo esse inventado por mim
Onde cabem todas as outras coisas
Sejam elas que coisas são!
Mas ainda assim...
As coisas!
Ah! As coisas...
Inexplicáveis, inexprimíveis
Sem tradução pra idioma nenhum!
As coisas que não comunicam
Que atraem por atrair simplesmente!
Eu grito pela falta de lógica
Pela ausência de razão!
Pelo lugar esquecido onde apenas as epidermes sensíveis
Ouriçam os pêlos
Ao tocarem nos móveis desse lugar ermo!
Absurdo!
Esqueceram tudo!
Esqueceram de esquecer
O que ensinam nas escolas!
Não abandonaram ainda seus manuais de sobrevivência!
Vivem na dependência de algo pra depender!
Têm necessidades de explicações universais!
Mas não!
Erraram todos!
Errados e errados!
Viver é deixar-se encher de sensações!
Quando pego a faca de meus desejos
E sinalizo desde a testa até o centro do meu corpo
Com o giz da minha vontade...
Quando no intervalo de sensatez e razão
Eu tenho o fôlego que me leva ao corte...
Aí sim, estou viva!
Por ter tido coragem de deixar o peito aberto...
A mente exposta...
E o corpo só de afetos...
Para doer, sentir, e amar de maneira incansável!
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