Lá, era ela!
Aqui, só janela!
Lá, anoitece quando os olhos dela fecham!
Aqui, o sol invade o quarto pelas brechas!
Aqui, guardou os seus sapatos de festa!
Lá! Era a própria dança entre panos e meias!
Lá! Se dizia uma sereia, e se alegrava em cantar!
Aqui, ela guarda a voz costurada em teias
E aranhas nojentas saem de cada letra "A"!
Lá... Ela não morre nunca!
Aqui... Todo dia é Dia dos Mortos!
E sai por aqui, arrastando seu saco de ossos
Resquício de um corpo que pudera não ser só seu!
Lá não! Lá ela balança toda!
Põe seus valores a bancarrota
E brinda a vida pelo soriso que deu!
O que acontece com ela?
Se é ela em lugares só
Devia ser uma nota, ou um nó...
Mas é duas!
Duas pequenas ruas
Uma torta e uma reta!
Duas bocas pintadas
Uma vermelha, outra discreta!
Duas partes de si
Uma triste e outra feliz!
Mas quando olhava-se no espelho
Era ela! Igualzinha...
Diante de seu nariz!
Nenhum comentário:
Postar um comentário