Cheira tudo que se move ... Olha tudo que perfuma... E come tudo que sente! Sem digerir nada! Bebe litros de culpa, e depois... Vomita! Até livrar-se por completo do mal estar! Amaranta já encontrou o seu lugar no mundo, e o seu lugar em si mesma, que é fora de si!



domingo, 10 de outubro de 2010

Manhã de chuva no Arpoador:

   Pela primeira vez em minha vida, havia me dado conta de quanto o mar cabia em mim! De quanto mar cabia em mim. E ainda assim, sobrava espaço no que eu tenho de fundo. Um espaço de outras coisas... Mas sobrava espaço. Quando decidi que seríamos as pedras do Arpoador e eu, sozinhos, esta manhã, eu pensava em somente ser. Eu não guardava eternidade no canto dos olhos. E nem era a eternidade que eu iria musicar caso me escapasse um canto pela boca. Eu estava apenas sendo... por tempo indeterminado!
    Éramos eu, as pedras, e nosso presente em comum: - O mar!
O mar bravio de Poseidon, trazia no céu uma força irresistível à pele, de arrepiar pêlos, e cobrir de frio. Naquele dia, fazia frio no Arpoador. Repentinamente, fazia frio. Somente o resquício do calor de outrora, queimando a brasa do cigarro a luzir entre os dedos. Assim, de repente... Frio mesmo!
   E o mar erguia-se em uma mansidão absurda diante dos meus olhos. Eu, era parte pequena perto da imensidão, que habitava a imensidão, que habitava em mim... E habitava as pedras! O vento, completamente tocado pelo mar... Tocado da brisa aos furacões... Tocado, assumiu sua força de balançar corpos. Balançando o meu corpo em cima das pedras. O mar trazia pingos d'água que foram se tornando brutos com o passar do tempo, grosseiros! O seu presente era ser preponderante!
   Me perdi em minha imensidão de ser pequena, e me deixei carregar pelo medo trazido nas ondas, e isso pra mim era estranho e maravilhoso. Tive medo de estar ali, pequena, diante da imensidão das sensações fortes. As ondas quebravam-se enormes e fortes por sobre as pedras... modificando-as sempre! Isso era  ameaçador! Isso era belo de se observar!
   Foi quando começou a chover! Chover era uma forma de ser líquido e vento ao mesmo tempo. Lembrei que eu era breve, e que tudo passa, passageiros! E fui conduzida a passar diante do mar, do vento, e das pedras.
Voltei para casa...
Já não era a mesma, era outra!


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